Angelika Nußberger
Os direitos humanos são o pivô da compreensão moderna de sociedade e Estado. Eles marcam o discurso social não só na Alemanha, mas também em nível mundial. Mas, ainda que pareça haver um consenso sobre o que são e devem ser os direitos humanos, olhando-se para os detalhes se percebe que atrás desse termo podem se esconder noções muito distintas do Estado e do indivíduo. Se até mesmo sobre conceitos fundamentais como a proibição da tortura ou a dignidade humana não existe concordância, não é de surpreender que quanto a questões éticas limítrofes como aborto, eutanásia e moderna medicina reprodutiva sejam derivadas exigências muito diferentes. Neste livro, pretende-se revelar a partir de diversas perspectivas – histórica, filosófica, política e jurídica – as múltiplas tensões entre clareza e complexidade, universalidade e relatividade, bem como entre pensamento fantasioso e orientação compromissiva para a ação, que definem a discussão sobre os direitos humanos. Ocupar-se com o tema leva, inevitavelmente, a perguntar-se, no fim, se os direitos humanos apontam um caminho para um mundo melhor. O fato de que isso decerto resulte em uma resposta do tipo “por um lado-por outro” não diminui a importância dos direitos humanos. Expectativas salvíficas elevadas demais seriam erradas, mas também seria errado resignar-se e não ver os êxitos efetivamente alcançados.