Hans-Georg Flickinger
Até hoje uma fonte inesgotável para o pensamento político, a Filosofia do Direito de Hegel continua sendo um desafio para os intérpretes. O trabalho aqui apresentado não se entrosa no amplo leque ideológico que domina a história da recepção da obra hegeliana. Escolhi outro foco para entender melhor os problemas atuais nos países democrático-liberais, minha argumentação explora o potencial crítico dessa obra, aproveitando sua exposição da lógica intrínseca à arquitetura do direito liberal. Percebe-se, a partir daí, os limites do poder estruturador desse direito diante do poder econômico. Fiel ao caminho hermenêutico, que tematiza “o quanto não foi dito quando se diz algo” (H. G. Gadamer), Hegel dá a entender que o campo econômico seria um espaço inalcançável e, mais ainda, incontrolável pelo direito. É o veneno da abstração que, contagiando o direito liberal, garante, até hoje, o seu convívio com o espírito capitalista. Eis o pilar essencial na construção da sociedade democrático-liberal.