Fratelli Tutti: Cenários sombrios e amizade social

Leomar Bustolin e Agemir Bavaresco (Organizadores)
No Papa Francisco revela-se surpreendentemente fecundo o encontro do jesuíta disciplinado e intelectualizado, com o franciscano cordial e relacional. A encíclica Fratelli Tutti é um testemunho eloquente desta simbiose. Na esteira do também jesuíta Teilhard de Chardin, o horizonte contemporâneo da encíclica ressoa a afirmação do genial paleontólogo, transcrita em letras garrafais na entrada do Centro Intercultural da Universidade Georgetown de Washington: “A Era das Nações passou. Agora, se não quisermos perecer, é necessário deixar de lado os antigos preconceitos e construir a Terra”. Somos a primeira geração que, graças à ciência e à tecnologia, pode contemplar nossa pequena casa redonda e azul – o planeta em que habitamos, por nós chamado Terra – em vídeos enviados de milhares de quilômetros de distância, nosso olho externo impactado por uma epifania que leva inclusive ao embaraço: porque insistir em soberanias fragmentadas, que sentido ainda tem o cuidado obsoleto e teimoso de cada nação em defesa do seu próprio pedaço? O Papa Bergoglio assumiu inclusive pastoralmente a nova visão: “O todo é maior do que a soma das partes”; “A unidade prevalece sobre o conflito” (Cf. EG 217-237). Mas para nos sacudir ainda mais, não a visão maravilhosa do todo desde a distância, é, no desequilíbrio ecológico, o ressurgimento a galope dos quatro cavaleiros do apocalipse, capítulo seis: a guerra, a peste, a fome e a morte, que denominamos agora com novas palavras para tentar domar por nós mesmos – a crise sanitária, a crise política, a crise econômica e a crise final – o que agora torna as palavras de Teilhard de Chardin absolutamente urgentes: deixar de lado os antigos preconceitos e construir a Terra – se não quisermos perecer. A presente publicação conjunta é uma resposta e uma colaboração sinodal que quer afinar as vozes e os passos ressoando o refrão: sim, todos irmãos por um mundo de paz e cuidado com todas as criaturas.

(Luiz Carlos Susin)

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Número de páginas: 106

ISBN: 978-65-87424-43-9

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